No texto de hoje, você vai conhecer três dicas para o controle de abastecimento. Como você pode melhorar a sua empresa para atender bem a população?
Já vimos aqui no blog como funciona um sistema de abastecimento de água. Mas, antes de começar, vamos relembrar alguns conceitos. Um sistema de abastecimento é o conjunto de obras, equipamentos e serviços que levam água potável para os diversos setores da sociedade.
As unidades que compõem esse sistema são: Manancial, captação, adução, tratamento, rede de distribuição e ramal domiciliar. Cada um deles possui uma função e recebem diferentes cuidados.
Objetiva-se com o abastecimento implantar hábitos higiênicos, controlar e prevenir doenças, melhorar a produtividade e aumentar a expectativa de vida da população.
Para isso acontecer, a água retirada do ambiente natural deve passar por tratamentos específicos que garantam sua qualidade.
Visto isso, vamos para as dicas.
Dicas para o controle de abastecimento
1 – Controle de qualidade da água
A primeira norma sobre os padrões de potabilidade no Brasil foi publicada pelo Estado de São Paulo através do Decreto Estadual nº 15.642 de 9 de fevereiro de 1946. Nele, foram estabelecidos parâmetros mínimos para qualidade da água e gelo no estado.
A partir de então, as normas foram sendo alteradas conforme os estudos iam evoluindo. Em 1977, as competências pelas definições dos padrões foram atribuídas ao Ministério da Saúde.
Atualmente, está em vigência a Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Ela define os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. As competências da união, dos estados e dos municípios também são definidas pela portaria.
De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), embora o número de parâmetros legislados tenha aumentado significativamente, não é possível avaliar todas as substâncias potencialmente presentes na água destinada ao consumo humano. Dessa forma, é necessário um conjunto de ações integradas para que a água não ofereça risco à saúde dos consumidores.
Por isso, o estudo do manancial é tão importante. Saber não somente a viabilidade do projeto, mas o tipo de água que é retirada é importante para o abastecimento. Conhecendo a qualidade da água no momento em que é captada, permite saber qual tratamento é necessário para evitar riscos à saúde.
A Portaria citada do Ministério da Saúde estabelece, em seus anexos, os testes que devem ser realizados para fins de análises físicas, químicas e de radioatividade. Neles, são apresentados a quantidade de amostras e a frequência necessária, em função do ponto de amostragem, de acordo com a população abastecida e o tipo de manancial.
A qualidade da água impacta diretamente na qualidade de vida da população. Águas contaminadas tornam as pessoas mais suscetíveis a doenças, principalmente bacterianas. Além disso, a utilização de água poluída em irrigação, por exemplo, gera alimentos contaminados que também impactam na saúde.
2 – Controle de perdas
Este é um tema bastante recorrente aqui no blog. A perda de água é a maior vilã quando o assunto é abastecimento. Dados de 2013 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) revelaram que quase 40% da água coletada e tratada foi perdida.
Você deve estar se perguntando: Mas como essas perdas ocorrem?
Existem diversos tipos de perdas ao longo de todo o sistema de abastecimento e elas até recebem uma classificação:
- Perdas reais: representa toda a água que não chega ao consumidor devido vazamentos nos ramais prediais e no sistema de abastecimento;
- Perdas aparentes: são perdas relacionadas a erros de medição em hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas e falhas no sistema de cadastramento das companhias. Nesse caso, a água é consumida, mas não é faturada.
Independentemente do tipo da perda, ela gera diversos prejuízos. Perde-se água potável e de boa qualidade gerada pelos vazamentos. E perde-se também, financeiramente. Os gastos com o tratamento e distribuição não contabilizados são capazes de gerar significativos valores financeiros perdidos.
Em uma projeção realizada pelo Instituto Trata Brasil, uma redução de 15% em cinco anos nas perdas de água provocaria um ganho acumulado de aproximadamente R$ 3,85 bilhões.
Atualmente, o setor de abastecimento exige alta eficiência dos serviços. Para isso, controlar o nível de perdas existentes no sistema é fundamental. É de suma importância levar em consideração os aspectos técnicos, econômicos e de recursos humanos na hora de planejar o controle das perdas.
Usando a tecnologia a seu favor…
Algumas empresas estão investindo em sistemas de controle remoto em pontos específicos do sistema de forma a acompanhar o percurso da água em tempo real. O uso da automação tem permitido, hoje em dia, reduzir custos de operação e das perdas. Além disso, a tecnologia embutida em alguns componentes do sistema de abastecimento tem permitido a verificação de vazamentos instantaneamente.
O uso de indicadores também tem se tornado uma ferramenta relevante para o planejamento de ações contra o controle de perdas. Alguns softwares de gestão já possuem módulos que permitem a conversão de dados retirados do sistema real para os indicadores criados. Dessa maneira, é possível realizar análises e tomar decisões que busquem melhorar o controle de abastecimento.
A quantidade de perda existente varia de acordo com a região brasileira. Entretanto, ocorrem em grande parte do país e geram prejuízos financeiros e para os corpos hídricos. Enfrentar as perdas é essencial para a eficiência do sistema de abastecimento, mas exige comprometimento de todos os órgãos envolvidos.
A elaboração de um plano de ação para o controle das perdas é uma ótima ferramenta e vem trazendo resultados para diversas empresas. Metas e indicadores ajudam a planejar, acompanhar e avaliar as atividades conforme forem sendo realizadas. Por isso, é importante a participação de todos os órgãos. Pois, unidos, é possível coletar mais dados e possuir mais recursos humanos para a execução das tarefas.
Além disso, para a execução, é relevante pensar em contratos de assistência técnica, terceirização de partes dos serviços, contratos de performance e parcerias. Dessa forma, é possível dividir tarefas e melhorar a qualidade dos serviços.
3 – Boas práticas para abastecimento de água
O Ministério da Saúde disponibiliza um manual de boas práticas para o abastecimento de água. Ele define como boas práticas todos os procedimentos adotados no processo do abastecimento de água que propicie a minimização dos riscos à saúde humana advindos do uso daquela água.
O ministério ainda ressalta que as recomendações apresentadas no manual exigem um adequado suporte físico, técnico, humano, financeiro, organizacional, político-institucional e legal.
Esse material se baseia em legislações e normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para estabelecer suas diretrizes. Dessa forma, é recomendada práticas para cada etapa do processo de abastecimento. Por exemplo, para a escolha do manancial aconselha-se considerar aspectos sobre a quantidade, facilidade de adução e a qualidade da água a ser captada.
Fala-se também do tratamento da água. Indica-se que na etapa de projeto, o tratamento seja realizado em laboratório para observar as opções. Com esses testes, é possível decidir qual a opção de tratamento mais adequada, as tecnologias, os produtos químicos, as dosagens e até mesmo as sequências de aplicação.
Tais estudos permitem selecionar as melhores opções para a execução do tratamento da água. Além disso, é possível otimizar as condições operacionais das estações e reduzir custos a longo prazo.
Planejar as ações, desde a fase de projeto até a execução, é importante para o controle do que está ocorrendo. O uso de metas e indicadores também cabe a esta etapa de boas práticas. Com eles, é possível analisar o processo, através de números, e estabelecer critérios e objetivos para cada atividade.
Dica bônus
Mais que melhorias no sistema de abastecimento por parte das concessionárias, é preciso uma conscientização do consumidor final. Conscientizar a população sobre a importância da água e do controle de abastecimento é fundamental.
De acordo com o Instituto Trata Brasil, o consumo diário médio do brasileiro é de 166,3 litros/dia. Entretanto, o recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 110 litros por habitante/dia.
O brasileiro possui diversos hábitos que desperdiçam água. Escovar os dentes com a torneira aberta, banhos demorados e lavagem das calçadas, são alguns exemplos.
Além disso, lembra das perdas aparentes? Fraudes nos hidrômetros e ligações clandestinas são uma delas. Conscientizar o consumidor sobre os riscos desse tipo de ação é essencial.
O pagamento pelo uso da água é previsto na Lei das Águas (Lei 9.433/97). Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), a cobrança pelo uso objetiva dar ao usuário uma indicação do real valor da água, incentivar o uso racional e obter recursos financeiros para a recuperação das bacias hidrográficas do país.
Assim, o incentivo à redução do desperdício também faz parte do controle de abastecimento. Em tempos de escassez, é importante minimizar as consequências que uma crise hídrica pode acarretar.
E então leitor, o que achou das dicas? Tem alguma outra atitude para o controle de abastecimento? Fale com um de nossos consultores, estamos sempre dispostos a te ajudar.