Desde 2014 as crises hídricas têm mostrado suas caras no Brasil. Secas severas, reservatórios com os níveis abaixo do normal e racionamento de água, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste.
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Crises hídricas impõem ações ambientais
Isso porque, em paralelo ao agravamento da crise, felizmente, surgem iniciativas que trazem esperança. Uma delas é um projeto de conservação e reflorestamento em áreas rurais com resultados de sucesso em Extrema, no Sul de Minas. A partir da reconstituição de áreas degradadas, a cidade consegue reter as águas de chuvas, ampliando o volume que escorre para as minas. É um exemplo do Estado, que começa a se espalhar por outras regiões no País.
Outra medida que, se concretizada, deve trazer algum direcionamento é o plano de segurança hídrica em elaboração no Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), que deve ficar pronto em 15 meses.
Essa, aliás, é uma das medidas pleiteadas pela Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), para minorar prejuízos ao setor do agronegócio em decorrência das longas estiagens.
Esses são alguns dos pontos abordados nesta terceira reportagem do #JuntosPorMinas, projeto do DIÁRIO DO COMÉRCIO que propõe discutir desafios e gargalos que podem e precisam ser transformados em oportunidades de crescimento, inclusão e transformação social.
Extrema: a cidade mineira que ‘planta’ água há 21 anos
No início dos anos 2000 iniciou-se na cidade de Extrema, no Sul de Minas, um movimento que, em momentos como o atual, de severa escassez hídrica, revela-se imprescindível: a conservação das águas. A reconstituição da floresta em áreas degradadas é uma espécie de seguro contra as secas e as enchentes, com as árvores ocupando áreas onde antes o capim imperava.
A iniciativa também garante um lucro médio anual de R$ 250 para 300 sítios e fazendas, que ocupam uma área de aproximadamente 20 mil hectares no município mineiro. Parece pouco, mas são R$ 75 mil injetados na economia local — e, dependendo da área recuperada, pode aumentar.
O empreendimento é relativamente simples: o proprietário rural é incentivado a fazer a reconstituição vegetal em suas propriedades, capaz de recuperar o potencial hídrico dos terrenos. Ou seja, vai plantar árvore onde existe capim. Com isso, recupera a capacidade dos terrenos em reter a água da chuva, que, depois, escorre pelas minas d’água.
A mata funciona como uma esponja, permitindo que a água penetre lentamente na terra. Assim, ela promove a recarga do lençol freático e, depois, libera essa água gradualmente nas nascentes.
Numa área de capim usada para o pasto, acontece diferente: a tendência após as chuvas é a formação de enxurradas, com o surgimento de enchentes e de erosões e, com isso, as temidas voçorocas. O plantio de árvores evitará esse problema, favorecendo a retenção da água da chuva, sem prejuízos ao terreno.
Fonte de inspiração — “Temos mananciais produzindo em torno de um litro por segundo em um momento em que atravessamos uma das piores crises hídricas dos últimos 91 anos da região Sudeste”, informou o biólogo Paulo Henrique Pereira. Especialista em gerenciamento ambiental, Pereira foi secretário do Meio Ambiente de Extrema durante quase duas décadas. É o idealizador e executor do projeto no município.
Ele explicou que o projeto, pioneiro dos produtores de água de Extrema, virou fonte de inspiração para outros lugares do Brasil. Há seis anos, o projeto deu origem a outro maior, o Conservador da Mantiqueira, que beneficia 284 municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
A região da Mantiqueira tem um papel importante no equilíbrio hídrico brasileiro, porque ali nascem rios como o Paraíba do Sul, que abastece a cidade do Rio de Janeiro, e o rio Grande, responsável por algumas das mais importantes hidrelétricas do País, como a de Furnas.
Somada, a área passível de reflorestamento nos municípios abrangidos pelo Conservador da Mantiqueira equivale a 1,2 milhão de hectares, algo em torno de 10% da meta do Brasil na Conferência do Clima de Paris (COP 21).
Projeto é repetido em Santa Catarina e DF
O bom exemplo em Extrema, no Sul de Minas, vem sendo seguido em outras regiões do País. Para diminuir o risco de falta de água, os municípios de Balneário Camboriú e Camboriú, em Santa Catarina, estão incentivando o pagamento por serviços ambientais sobre a tarifa cobrada dos consumidores.
O risco de escassez de água começou a diminuir quando proprietários no entorno das nascentes toparam entrar no projeto, demarcando e, em diversos casos, reconstituindo áreas com o investimento patrocinado.
No entorno de Brasília (DF), por sua vez, moradores e proprietários rurais que se beneficiam do conjunto de nascentes conhecido como Águas Emendadas, também estão participando e plantando árvores.
Como pagamento pelo serviço ambiental prestado, os produtores receberam, em cinco anos, R$ 15 mil do programa, provenientes de recursos públicos e organizações não-governamentais (ONGs).
Fonte: DC.
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