Hoje vamos falar sobre como a ociosidade nas redes de esgoto tem afetado o serviço de esgotamento sanitário no Brasil. Fato que custa caro para a nossa qualidade de vida e a saúde pública.
Vamos falar sobre:
- O que são redes de esgoto
- Ociosidade das redes de esgoto
- O prejuízo ambiental causado
- Soluções para as redes de esgoto no Brasil
O esgotamento sanitário é um dos quatro serviços do saneamento básico. Figura ainda como parte da infraestrutura do país e demanda um intenso planejamento.
Em sua operação, deve-se considerar as viabilidades estruturais, financeiras e ambientais, visto que o processo é extenso e costuma ter valores elevados.
A saúde pública também está em jogo. Muitas doenças são praticamente erradicadas por meio de um tratamento de esgoto feito da maneira correta, o que também preserva o meio ambiente.
Mas, de que modo esses procedimentos ocorrem de fato? É o que veremos a seguir!
O que são redes de esgoto?
As redes de esgoto dizem respeito às estruturas que levam o esgoto de uma parte a outra. De forma simples, é conjunto de tubulações propriamente dita.
Caso estejam disponíveis, os consumidores podem informar a companhia de saneamento que desejam conectar sua residência à rede de esgoto. A companhia deve disponibilizar a ligação e efetuar a cobrança pela coleta de esgoto.
Evidentemente, nem tudo pode ir pelos encanamentos! Entre os itens não permitidos estão a água da chuva e da piscina, fraldas, papéis, sacos plásticos e restos de comida. Itens como esses causam entupimentos e, consequentemente, transbordamentos e transtornos para toda a população.
O esgoto coletado é levado para uma estação de tratamento, passando por vários procedimentos, deixando-o livre da carga poluente. Após o tratamento ele retorna aos corpos hídricos, como rios e mares.
Os padrões do setor exigem que o esgoto esteja livre da maioria dos poluentes para ser dispensado no meio ambiente, processo que é vital para não gerar degradação.
O grande problema no Brasil é que esse serviço de tratamento e coleta não está disponível para mais de 100 milhões de pessoas .
Em parte, essa situação é causada pela falta de infraestrutura dos municípios. Entretanto, nota-se que não se implantam as redes de esgoto mesmo em lugares com uma boa infraestrutura. Nesse caso impera a falta de vontade política ou o entendimento que a prestação do serviço é cara demais.
Ociosidade das redes de esgoto
O termo ociosidade nas redes de esgoto retrata duas situações: quando não existe a rede de esgoto e quando a rede existe, mas os consumidores não se conectam.
A evolução das redes de esgoto no Brasil são lentas e não acompanham o serviço de distribuição de água, por exemplo. Enquanto temos água potável, no padrão estabelecido pela ONU, para 83,5% dos brasileiros, apenas 52,36% têm acesso à coleta de esgoto.
Vale dizer que a coleta não abrange o tratamento em todos os casos. No Brasil, apenas 45,1% do esgoto coletado passa por algum tipo de tratamento.
Isso representa um volume enorme de esgoto in natura sendo jogado nos rios e mares: 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano ou quase 6 mil piscinas olímpicas de esgoto por dia.
Estudos mostram que nem as 100 maiores cidades do Brasil conseguem tratar seu esgoto. Nelas, o tratamento ocorre em 54% do esgoto coletado, diferença que não tem avanços significativos perante cidades com falta de infraestrutura.
As disparidades no serviço também são vistas de uma região para outra. No Norte e Nordeste são coletados de 10 a 26% do esgoto gerado. Já no Centro-oeste e Sudeste, de 43 a 53%, e no Sul, 78%.
Essa diferença engloba fatores de evolução das próprias cidades. Por exemplo, na expansão urbana deveriam ser planejadas com uma infraestrutura que contemple os serviços de saneamento básico, o que não acontece.
Outro ponto é o custo de ligação à rede de esgoto. Muitos domicílios deixam de ligar seu esgoto à rede devido ao custo do serviço, que pode dobrar a conta de água. Nessa situação, já somam 3,5 milhões de brasileiros.
O prejuízo ambiental causado pela ociosidade nas redes de esgoto
Muita poluição é causada por esgoto sem tratamento despejados diretamente em cursos dos rios. A prática é considerada crime ambiental e gera um sério desequilíbrio no ecossistema aquático.
O esgoto doméstico, por exemplo, utiliza o oxigênio disponível na água para sua decomposição, matando peixes e outros animais que precisam da água para respirar.
Os efluentes industriais também contribuem para essa mortalidade, ou ainda, contaminam a carne dos peixes por meio da descarga de materiais pesados e tóxicos. Por sua vez, eles podem chegar às nossas mesas por meio de alimento ou no consumo de água.
Essa realidade ocorre por todo o país e atinge inúmeros corpos de água, sejam superficiais ou subterrâneos.
A ONG SOS Mata Atlântica divulgou uma pesquisa, mostrando que apenas 6,5% dos rios brasileiros estão em boas condições. O que revela um alto índice de rios poluídos ou contaminados de alguma forma.
Os pesquisadores alertaram que em caso de uma seca, por exemplo, a capacidade de absorção dos rios em relação aos nutrientes dispersados pode diminuir, colocando-os em posição ruim ou péssima na classificação realizada.
Soluções para as redes de esgoto do Brasil
As soluções tradicionais para o esgotamento sanitário no Brasil demandam alto custo e tempo para implantação. Além disso, o saneamento básico como um todo tem sido colocado de escanteio pelos governantes, o que é provado pelo baixo investimento ao longo do anos.
Essas situações no esgotamento sanitário poderiam ser amenizadas por meio de projetos inteligentes que tornam o custo de instalação e operação mais viáveis.
No Paraná, por exemplo, está sendo implantada a geração de energia elétrica a partir do esgoto e do lixo. O Instituto Ambiental do Paraná cedeu à CS Bioenergia uma licença de operação da usina que vai gerar 2,8 megawatts ao dia. O suficiente para abastecer duas mil residências na região.
Além do tratamento do esgoto e geração de energia por meio do biogás, a usina também produzirá biofertilizante e desviará 300 toneladas de lixo dos aterros diariamente.
O saneamento precisa ser visto não apenas como um negócio ambiental e social, mas como uma engrenagem fundamental para o desenvolvimento das comunidades e municípios.
É necessário que o poder público imponha sanções aqueles que não se conectam às redes existentes. E por outro lado, apoie as prestadoras na construção de novas redes de esgoto.
E na sua cidade, os governantes têm usado bons modelos de gestão para lidar contra a ociosidade nas redes de esgoto? Existem projetos inteligentes em andamento? Conte pra gente!
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