No artigo de hoje o assunto é resíduos sólidos! Como estão os números desse serviço tão importante para a população mundial?
Para falar disso vamos entrar nos seguintes tópicos:
- Os padrões de consumo e os resíduos sólidos
- O custo ambiental dos resíduos sólidos
- Impactos financeiros dos resíduos sólidos
- Campeã mundial em reciclagem e reaproveitamento
- O tratamento dos resíduos sólidos no Brasil
Os padrões de consumo e os resíduos sólidos
Não se pode negar que a quantidade de lixo produzido pela população mundial é exorbitante. Para ser mais exato, são 1,4 bilhão de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) por ano. Isso significa uma média de 1,2 kg per capita ao dia.
É mais interessante saber que quase metade desse lixo é gerado por 30 países, justamente os mais ricos. O que associa riquezas à alta geração de resíduos.
Um fato que assusta ainda mais são as pesquisas do Banco mundial e das Organização das Nações Unidas (ONU), que prevêem um aumento de 350% de resíduos sólidos urbanos até 2050 caso não ocorra uma mudança nos padrões atuais.
A expectativa é uma população de 9 bilhões de habitantes que vão gerar 4 bilhões de toneladas de lixo urbano.
Os números parecem não cooperar principalmente do ponto de vista da não geração. Nos últimos 30 anos, o lixo produzido no mundo foi três vezes maior que o crescimento populacional.
Nota-se ainda que o aumento do PIB tem relações com o aumento da produção de lixo. A explicação é que a população com maior poder aquisitivo vai consumir mais e, justamente, culminar na maior produção de resíduos sólidos.
É importante notar que a maior parte desse lixo é colocado em aterros, fator que eleva seu custo ambiental e financeiro. Inclusive temos um artigo sobre a forma que isso acontece no Brasil.
O custo ambiental dos resíduos sólidos
O custo ambiental do lixo são: a inutilização do solo, a contaminação da água e a poluição do ar. Apesar de não ser quantificável em números, a redução da qualidade de vida e destruição do meio ambiente são notáveis.
O Conselho de Pesquisa em Tecnologia de Geração de Energia dos Estados Unidos calcula que para cada dez toneladas de lixo aterrado, um metro quadrado de solo é inutilizado de forma permanente. Além disso, o baixo uso de materiais reciclados acelera o esgotamento de recursos naturais.
A degradação da matéria orgânica exposta em lixões e aterros produz gases como metano e dióxido de carbono (CO2 e CH4), que segundo vários cientistas, aceleram o efeito estufa. Assim como a queima sem controle polui o ar.
Deve-se notar que o Brasil é um grande produtor de gás metano. Contudo das 180 mil toneladas do gás geradas ao dia, 31% é exalada a céu aberto. O que teria potencial para atender 6,5 milhões de pessoas.
As águas da superfície, como rios, lagos e mares, também é contaminada pelo descarte irregular. Fora a contaminação por parte dos lixões às águas subterrâneas pela geração do chorume.
Custos financeiros dos resíduos sólidos
Segundo estudos da ONU, 20 a 30% do orçamentos dos municípios já estão comprometidos com a coleta e destinação desses resíduos. Valor que poderia ser maior, já que muitos lugares ainda não possuem coleta e tratamento.
Os principais deficitários neste quesito são a África, o Sudeste Asiático e a América Latina. Necessitando de 40 bilhões de dólares para garantir universalidade de tais serviços.
Ainda relativo às finanças, o Brasil, por exemplo, perde 8 bilhões de reais por ano em reciclagem, enviando materiais recicláveis para o lixão. Sim, são 8 bilhões em recursos que poderiam ser reinvestidos na própria coleta e tratamento destes resíduos.
É importante notar que mesmo países como os EUA não possuem um tratamento pleno e adequado ao lixo urbano. Por lá, 55% dos resíduos sólidos urbanos ainda são levados para os aterros. E apesar da drástica queda do número de aterros desde a década de 1980, o volume do lixo continua igual.
Como veremos a seguir, existem países na Europa que avançaram muito desde a não geração até a disposição adequada dos seus resíduos. Mas ainda assim há muito para o mundo se conscientizar.
Considerando que o aumento do PIB está relacionado com o aumento da produção de lixo, o mercado global do lixo poderia faturar mais. Para isso deveria preservar o meio ambiente e lidar com os resíduos de maneira adequada. Atualmente esse mercado já movimenta 410 bilhões de dólares.
Segundo um relatório de 2012 da União Europeia, poderiam se economizar 72 bilhões de euros, com a adoção de uma política consciente dos resíduos sólidos. Geraria-se também 400 mil novos postos de trabalho no mundo, um aumento de 20% da quantidade atual.
Campeã mundial em reciclagem e reaproveitamento
Quando se fala em modelo mundial de tecnologias e políticas de resíduos sólidos, com certeza envolve a Alemanha. Em suma, praticamente todo o lixo é reciclado, reaproveitado ou ainda utilizado para geração de energia.
Para se ter uma ideia, o índice atual de envio de lixo dos alemães para aterros sanitários é de apenas 1%. O país só conseguiu alcançar esse número devido a políticas como a de proibir remessa de lixo doméstico ou industrial sem tratamento para aterros desde 2005. Além disso, entre 2002 e 2010 o total de resíduos caiu 3,5 milhões de toneladas.
Contudo mais do que extinguir aterros e diminuir, 63% dos resíduos são reciclados. Para efeito de comparação, a média do continente é de apenas 25%. Os dados são da Eurostat, órgão de estatísticas da União Europeia.
São mais de 250 mil pessoas empregadas pela cadeia produtiva de resíduos, estima-se também que 13% da produção industrial alemã é feita com matérias primas recicladas.
Pode se dizer que essa cultura demorou décadas para ser empregada e alcançar seus objetivos. O que comprova isso é que em 1970 havia cerca de 50 mil lixões e aterros sanitários, e hoje são menos de 200.
Por lá, a taxa municipal de coleta de lixo é cobrada desde o século 19, com padrões sendo estabelecidos até para vasilhames de descarte. Conforme afirma o professor Emílio Maciel Eigenheer, no livro A Limpeza Urbana Através dos Tempos.
Áustria, Holanda e Bélgica também segue a Alemanha com ótimos índices.
O tratamento dos resíduos sólidos no Brasil
No Brasil a situação não está muito boa, segundo relata o Panorama dos resíduos sólidos no Brasil de 2017.
O relatório realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) avalia os municípios brasileiros, por exemplo, quanto a forma de destinação do lixo.
Mais de 1559 municípios despejam seus resíduos sólidos em lixões e 1772 em aterros controlados. O documento relata como impacto negativo na vida de 76,5 milhões de brasileiros, só no quesito destinação do lixo.
O Nordeste do Brasil contempla a pior situação, onde 861 cidades utilizam lixão. As outras regiões seguem abaixo de 251 cidades com esse tipo de destinação.
Infelizmente, 80% dos resíduos que geramos nas cidades vão parar nos oceanos, um número que traz sérias implicações.
Como por exemplo o gasto de 5,5 bilhões por ano em recuperação ambiental e tratamento de saúde.
Esse valor considera apenas a poluição marinha e vem de um relatório coordenado pela Associação Internacional de Resíduos Sólidos(ISWA) e divulgado no Fórum Mundial da Água que aconteceu em Brasília-DF em 2018.
Para piorar a situação, os 7 milhões de toneladas de lixo produzidos no Brasil sem coleta geram problemas de saúde pública, afetando a saúde de 96 milhões de pessoas. Isso é quase metade da população do país!
Não faltam medidas para tentar minimizar o problema, entre elas, podemos citar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Tal instrumento organiza prioridades para se tratar desde a não geração de lixo até a disposição correta.
O que podemos concluir com tudo isso é que falta muito para a população e para o poder público colocar em dia. Se quiser saber mais sobre o tratamento desses resíduos em nosso país temos um artigo sobre isso.
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