Dessa vez o assunto é crise hídrica mundial! Já imaginou o quanto estamos próximos de um evento como esse e as consequências disso para as próximas gerações?
Nesse texto falamos sobre:
- Por que estamos próximos de uma crise hídrica mundial?
- Crise hídrica em São Paulo
- Crise hídrica em Brasília
- Como projetar a segurança hídrica?
- Como as cidades lidam com esse tipo de crise?
- Onde a crise hídrica já chegou?
Terra, o planeta que é coberto por 70% de água, olhando de fora talvez pudesse ser chamado até de planeta água. Com isso, a falta de água deveria ser um dos últimos problemas que iríamos enfrentar. Mas essa não é a realidade.
Como bem sabemos 97,5% dessa água é salgada, e sobram menos de 3% para teoricamente utilizar. Se considerarmos ainda as geleiras e águas em locais de difícil acesso ficamos apenas com 0,4% utilizáveis.
Quando falamos em utilizáveis, é para tudo. Seja na produção agrícola, criação de animais ou produção de energia, água é vida.
E como tudo o que falta gera disputa, a guerra pela água começou a muito tempo. O fato da água estar localizada ou concentrada em determinadas fronteiras, incita conflitos regionais.
A gestão feita pelos governos é tida como insuficiente ou negligente. Isso também é válido, segundo especialistas da área, para indústrias, agronegócio e pessoas que constantemente desperdiçam.
Dessa forma, a água fica cada vez mais rara e mais cara. Visto que os processos para tratar e conseguir extrair do meio vão ficando complexos, justamente pela falta de preservação.
Por que estamos próximos de uma crise hídrica mundial?
O motivo de alerta são dados constantemente divulgados por pesquisadores.
Um exemplo é a publicação do World Resources Institute (WRI) que informa 2040 como ano de escassez de água para 3,5 bilhões de pessoas no mundo. Pura e simplesmente por degradação do meio ambiente.
Os dados comparados foram cedidos por 167 nações.
Os pesquisadores do instituto consideram também que as alterações climáticas devido ao degelo das geleiras irão causar eventos catastróficos sem precedentes.
Já os dados da ONU mostram que um bilhão de pessoas não têm acesso adequado hoje. É considerado acesso adequado ter pelo menos 20 litros diários de água numa distância máxima de um quilômetro.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é necessário a criação de políticas que defendam o acesso à água no formato de direito humano fundamental.
Na Cidade do Cabo, África do Sul, as coisas estão complicadas. Os moradores estão adotando práticas, por exemplo, de usar apenas um litro e meio de água para tomar banho.
A crise hídrica mundial chegou por lá fazendo quatro milhões de vítimas. A cidade corre o risco de ser a primeira metrópole do mundo sem água.
Após três anos de chuva escassa a cidade, a água virou ouro.
O governo local tenta correr contra o tempo com medidas de racionamento, projetos de captação de água subterrânea, dessalinização da água do mar e reciclagem de água.
Crise hídrica em São Paulo
Um país como o Brasil é rico em fonte de água, mas não está fora da lista da crise hídrica mundial, e temos recentes eventos que preocupam.
O uso indiscriminado colocou a população de São Paulo em falta de água por longos dias. No entanto, a crise hídrica no Brasil foi atribuída aos longos períodos de estiagem.
O fato é que os municípios tiveram de aderir a medidas restritivas a fim de inibir o uso indevido.
A falta de água em São Paulo na verdade começou com a baixa nos reservatórios em 2013 e 2014, mas só se mostrou de verdade em 2015. A pior crise dos últimos 80 anos.
A crise do estado de São Paulo atingiu 13,7 milhões de pessoas em 68 municípios e a capital. Praticamente todos os municípios aderiram a medidas de racionamento.
Mas o pior nessa situação é saber que não estamos livres de novos eventos como esse.
Depois do olho do furação que o estado enfrentou o consumo de água pelas famílias foi retomado acima do esperado.
Os especialistas dizem ainda que foi um evento único o que ocorreu. Nem mesmo sabem se foi por causa das mudanças climáticas ou se elas não tem ligação com os acontecimentos.
O fato é que o aumento da temperatura global desloca os sistemas climáticos de maneira inesperada até mesmo para os climatologistas.
Será um sinal para uma crise hídrica mundial?
As análises demonstram que o sinal amarelo deve estar ligado, uma vez que desde 2011 as precipitações do Sudeste também estão abaixo da média.
Abaixo os níveis dos reservatórios de São Paulo.
Segundo Samuel Barreto, gerente de água da ONG The Nature Conservancy (TNC):
“Para combater o risco de desabastecimento hídrico é preciso promover uma nova cultura da água, com a participação mais efetiva da sociedade, do setor privado e dos governos”
Crise hídrica em Brasília
Em janeiro de 2018 completou-se um ano de racionamento no Distrito Federal brasileiro. Mais de 2 milhões brasilienses tiveram de se submeter ao regime de ficar um dia da semana sem água.
A princípio o racionamento foi com quem recebia água do reservatório do Descoberto. Depois foi estendida às áreas que recebem água da bacia de Santa Maria.
Com o regime e a conscientização dos moradores foi possível uma redução de 12% do consumo.
Em 2017 a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB) investiu mais de 133 milhões em obras na região. O aumento de investimentos possibilitou a expansão da captação de água em 16,5%.
Mesmo com os esforços os níveis dos reservatórios não subiram devido as chuvas escassas e com níveis menores do que o esperado.
O reservatório do Descoberto chegou a 5,3%, o menor nível da história. Contudo, se recuperou em partes no período de chuvas, chegando a 30,1% no último dia de 2017. Independente dos níveis chegarem a 50% esse ano, a companhia informa que o racionamento vai continuar.
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) pesquisou e tentou elencar os motivos da escassez. Obviamente os níveis pluviométricos diminuíram. mas porque?
A pesquisa reuniu dados de 2000 á 2016. A primeira constatação foi imenso desmatamento ao redor do reservatório do Descoberto para o avanço da cidade. Isso representa um crescimento de 336% em infraestrutura.
O fato mais interessante é que mesmo com falta de chuva em outros períodos o reservatório não havia reduzido tanto seu nível.
A explicação é que a mata ao redor das águas reduzia os ciclos da seca. A combinação de ondas de calor e seca criou um ponto de não retorno, inibindo portanto a chuva.
Como projetar a segurança hídrica?
A ONG TNC criou em 2015 o programa “Coalizão Cidades pela Água” com o intuito de buscar a segurança hídrica no Brasil. A iniciativa leva a sério a possibilidade de uma crise hídrica mundial.
Foram identificadas 12 regiões no Brasil que vivem em estresse hídrico e abrigam 31% da população . As regiões monitoradas possuem 21 bacias hidrográficas e somam 45% do PIB nacional.
A iniciativa conta com atores do setor privado e da população. O principal foco é investir em restauração florestal para preservar a qualidade dos reservatórios.
Para que isso funcione é essencial a conscientização das indústrias e da população. Segundo elenca a página do projeto.
Há fabricantes de refrigerante que usam em média 1,83 litro de água para cada litro de bebida.
Empresas de peso tem aderido ao projeto como AMBEV, Coca-Cola Femsa, PepsiCo, Fundación Femsa e Klabin.
E o projeto já alcançou bons resultados!
Aproximadamente 30 mil hectares foram restaurados nas cabeceiras das bacias hidrográficas beneficiando mais de 2500 famílias.
Para isso foi necessário um aporte de 200 milhões de reais de seis regiões metropolitanas: Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Belo Horizonte e Espírito Santo.
Como as cidades lidam com esse tipo de crise?
Se tratando de como lidar com situações de crise de água temos um impasse no Chile. Um movimento tenta reformar o Código das águas para que o estado volte a cuidar das águas do país.
A crítica principal é que a água tem sido usada apenas como um bem econômico e não se respeitam os limites de uso.
O atual Código das Águas determina que as companhias no país podem exercer plenos direitos de propriedade com a água.
Esses impasses ao redor do mundo possuem mais agravantes como desenvolvimento industrial e crescimento urbano acelerado, responsáveis por boa parte da contaminação das águas.
Já no assunto de agricultura que é o setor que mais utiliza água no mundo, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) tenta conscientizar produtores agrícolas, pecuaristas e psicultores para que utilizem a água de maneira sustentável.
De fato, a FAO compreende que a rentabilidade não é imediata, mas pode assegurar um volume e qualidade suficientes para o futuro da subsistência humana.
Onde a crise hídrica já chegou?
É fato que a falta de planejamento das cidades, que inclui o uso de recursos hídricos, tem demonstrado o quanto uma crise hídrica mundial é possível e provável.
A Cidade do México é um perfeito exemplo de uma crise a caminho.
Sendo uma das maiores aglomerações metropolitanas do mundo, a mesma aumentou cem vezes sua área construída em 60 anos. Sendo capital do país, conta com 21 milhões de habitantes.
A cidade foi estruturada em cima de uma rede de lagos. Essa urbanização extinguiu as fontes de água e fragilizou o solo, se fazendo necessário cavar cada vez mais fundo. Essa prática literalmente afundou a cidade dez metros em um século.
A cidade tem de buscar água longe, 40% atualmente já vem de fontes distintas. E mesmo assim 20% da população não tem abastecimento diário. Nessas áreas se faz o uso de caminhões pipa.
Umas das alternativas que a população teria para resolver o problema era tratar a água da chuva. Mas aparentemente não há nenhuma iniciativa nesse sentido.
O diretor do sistema de águas da cidade, Ramon Aguirre Diaz, teme fora a escassez já existente, uma diminuição inesperada de chuvas.
Se isso acontecer estarão diante de um desastre, pois não possuem caminhões pipa suficiente para lidar com esse cenário.
Sabendo disso como poderíamos contribuir para preservação desse recurso vital? Sua cidade tem algum programa para incentivar o consumo consciente?
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