Você sabia que os resíduos urbanos podem ser uma fonte de energia? Sabe como ocorre a recuperação energética de resíduos sólidos? No texto de hoje, vamos te contar como isso é possível e mais:
- O que é recuperação energética de resíduos sólidos?
- Quais resíduos podem ser aproveitados?
- Diretrizes
- Usinas de recuperação energética (URE)
- Vantagens
- Desvantagens
- Investimentos
Fique conosco e saiba mais sobre recuperação energética de resíduos sólidos!
O que é recuperação energética de resíduos sólidos?
Recuperação energética é o processo de tratamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU), transformando-os em energia térmica e/ou elétrica.
Para que isso ocorra, são empregadas tecnologias alternativas aos aterros sanitários, como a incineração, a gaseificação, a pirólise, o coprocessamento em fornos de clínquer e a digestão anaeróbia.
As energias térmica e elétrica são geradas através da queima desses resíduos, visto que, o vapor gerado movimenta as pás da turbina do gerador, que alteram o fluxo do campo magnético em seu interior. Assim, é produzida a energia sem a geração de efluentes líquidos.
Quanto aos resíduos sólidos gerados nesse processo, as cinzas residuais podem ser aproveitadas na construção civil, para a produção de cimento.
Esse método de reaproveitamento é utilizado em países desenvolvidos, como a Alemanha, os Estados Unidos, o Japão e a Suíça; e é visto como uma alternativa à disposição final em aterros sanitários.
Quais resíduos podem ser aproveitados?
Conforme a Portaria Interministerial n.º 274, de 30/04/2019, os materiais que podem ser aproveitados para a recuperação energética são:
- Resíduos provenientes de atividades domésticas, como restos de comida, materiais higiênicos e plásticos;
- Resíduos de limpeza urbana, oriundos de varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e demais serviços;
- Resíduos comerciais classificados como não perigosos, ou seja, compostos predominantemente de orgânicos, recicláveis e rejeitos.
Destes, o material mais utilizado é o plástico, pois com ele é produzido cerca de 650kW/h de energia por tonelada. Já os pneus, apenas uma unidade equivale a 9,4 L de petróleo. Entretanto, os plásticos são materiais recicláveis e os pneus fazem parte da logística reversa, portanto, ambos estão previstos como atividades prioritárias segundo a PNRS.
Diretrizes
A Portaria Interministerial n.º 274/2019 disciplina a recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, determinando que:
- A recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos está condicionada à comprovação de sua viabilidade técnica, ambiental e econômico-financeira e à implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental competente, nos termos da legislação em vigor.
- A recuperação energética de RSU, quando destinados à geração de energia elétrica, deverá se dar conforme os marcos legal e regulatório ambientais e dos setores energético e de saneamento.
- A Usina de Recuperação Energética – URE deve atentar-se à:
- Emissão: liberação direta ou indireta de matéria ou energia a partir de fontes estacionárias, pontuais ou difusas, para a atmosfera, água ou solo;
- Limites de Emissão: valores que não poderão ser excedidos durante um ou mais períodos, usualmente expressos em concentração de massa por volume;
- Sistemas de Monitoramento Contínuo: conjunto completo de equipamentos para o monitoramento de emissões geradas na URE, usado para amostrar, acondicionar, analisar e fornecer um registro permanente das emissões ou dos parâmetros de processo.
Usinas de recuperação energética (URE)
Uma URE é qualquer unidade dedicada ao tratamento térmico de resíduos sólidos urbanos com recuperação de energia térmica gerada pela combustão, com vistas à redução de volume e periculosidade, preferencialmente associada à geração de energia térmica ou elétrica.
No mundo, existem cerca de 2.500 usinas de recuperação energética de resíduos sólidos — cerca de 100 na América Latina, mais de 500 em funcionamento na Europa e mais de 1.600 operando na Ásia.
Como dito anteriormente, há diversas tecnologias para se recuperar a energia desses materiais. Vamos conhecer cada uma delas?
Incineração
As plantas de incineração são conhecidas como plantas WtE e podem processar de 50.000 a 300.000 toneladas de materiais no ano.
Possuem uma caldeira que converte o calor em eletricidade e vapor, além disso, possuem também um controle de poluição do ar, filtrando os gases antes de liberá-los para a atmosfera por uma chaminé.
Os materiais combustíveis são: resíduos sólidos urbanos (RSU), resíduos industriais, comerciais e combustível derivado de resíduos (CDR).
Os produtos são: energia elétrica e/ou térmica, cinzas de fundo e cinzas volantes.
Gaseificação e Pirólise
As usinas que utilizam esses métodos realizam o tratamento térmico dos combustíveis sem que haja a combustão completa. São menores e mais adaptáveis do que as de incineração e podem consumir de 25.000 a 150.000 toneladas de material por ano, porém, algumas podem chegar a 350.000 ton./ano.
Os materiais combustíveis são: resíduos sólidos urbanos (RSU), resíduos industriais e comerciais, combustível derivado de resíduos (CDR) e materiais como madeira e biomassa.
Os produtos são: energia elétrica e/ou térmica, syngas, bio-óleo, insumos para indústria química e cinzas de fundo
Digestão anaeróbia
Estas usinas operam em baixas temperaturas permitindo que os microrganismos transformem a matéria-prima em biogás. Além disso, costumam ser menores que as usinas de gaseificação e incineração.
Os materiais combustíveis são: restos de alimentos, resíduos úmidos industriais e comerciais, materiais agrícolas e lodos de esgotos.
Os produtos são: biogás, biometano e digestato.
Coprocessamento em fornos de clínquer
Essa técnica consiste na utilização dos resíduos como substitutos de matérias-primas na fabricação de cimento.
Os materiais combustíveis são: pneus, resíduos comerciais e industriais, blends, biomassa, RSU tratados e CDR.
O produto é: cimento.
Vantagens
As usinas de recuperação energética de resíduos sólidos contribuem com a economia circular ao tratar os resíduos não recicláveis que seriam destinados aos aterros sanitários.
Quando comparada a quantidade de emissão dos gases de efeito estufa (GEE) dos aterros sanitários, as URE possuem um potencial de produção menor. Segundo a Agência Ambiental Europeia (EEA), houve uma queda de 60% na destinação aos aterros na Europa entre 1995 e 2017 devido à utilização de métodos de recuperação energética. Nesse mesmo período, houve redução de 42% de gases de efeito estufa proveniente de resíduos em aterros sanitários.
Além dos benefícios citados acima, podemos citar ainda:
- Gestão sustentável de RSU;
- Geração de energia por tonelada de resíduos;
- Redução na emissão de gases de efeito estufa;
- Redução dos custos em atendimentos de saúde pública;
- Geração de empregos.
Desvantagens
Dentre as desvantagens temos os custos de implantação e operação da usina, além das dificuldades de manutenção.
Além destas desvantagens, estão:
- A inviabilidade com resíduos de menor poder calorífico;
- Necessidade de equipamentos para manter a combustão;
- Metais tóxicos podem ficar concentrados nas cinzas.
Investimentos
Recentemente, o Ministério de Minas e Energia anunciou o primeiro leilão de recuperação energética de RSU no Brasil em 2021. Se considerar cada uma das 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes e 35 municípios de 600 mil habitantes, teremos potencial de implantação de 250 plantas, atendendo 7,9% da demanda nacional de energia elétrica, com o investimento de cerca R$ 200 bilhões.
Estão previstas ainda usinas térmicas à biomassa, a carvão mineral e à gás natural. Há também a possibilidade da realização de um novo leilão para contratação de energia de capacidade, em meados do segundo semestre de 2021.
Em São Paulo, um aterro sanitário dará lugar a uma planta de biometano a partir do biogás produzido no local. O projeto está previsto para operar a partir de 2024.
Estão em andamento estudos para a viabilidade de implementar a produção de biogás na Amazônia. Na primeira etapa do estudo, foram selecionados quatro estados (Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima) que indicaram potencial de 136 milhões de m³/ano de biogás, o suficiente para atender cerca de 107 mil pessoas.
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