Muito se ouve falar da falta de saneamento básico no Nordeste e o quanto a população padece com a ausência desse serviço. No texto de hoje, abordaremos os seguintes assuntos:
- Saneamento básico no Nordeste
- Abastecimento de água
- Perda de água
- Esgotamento Sanitário
- Consequências da falta de saneamento
- Saúde
- Educação
- Oportunidades para o saneamento
Vamos conhecer como é o saneamento básico nesta região
Saneamento básico no Nordeste
Sabemos que o saneamento básico no Nordeste é um assunto pouco discutido, porém é de grande importância para a região. Carente de recursos e de atenção dos governantes, apresenta grandes oportunidades de desenvolvimento.
Infelizmente, os números referentes aos serviços de saneamento básico no Nordeste são desiguais e, muitas vezes, abaixo da média nacional.
Continue conosco para saber mais sobre o saneamento básico no Nordeste!
Abastecimento de água
Com inúmeros municípios em estado de emergência em decorrência das secas e da alta incidência de doenças causadas pela carência de saneamento básico, o Nordeste é a segunda região com o pior índice de abrangência do saneamento básico no Brasil (16,61%), atrás apenas da região Norte (8,67%).
A utilização de caminhões pipa é corriqueira em muitas cidades, visando contornar a falta de abastecimento de água. Na região há um programa do Governo Federal — Operação Pipa, cujo objetivo é a distribuição de água potável em carros-pipa para 28 municípios da Bahia e Sergipe.
Em 2019, segundo estudo do IBGE, apenas 69% da população dessa Região contava com abastecimento de água diário. Já em 11,6% dos domicílios eram abastecidos entre quatro e seis dias na semana. Outros 14,2% tinham água apenas três vezes na semana e 25,8% sequer possuíam acesso à rede.
Perda de água
O Nordeste é a segunda região que mais sofre com a perda de água, representando 45,98% do total distribuído, ficando atrás apenas da região Norte, a qual perde 55,53%. A Região contém o maior número de municípios que não apresentam estações de tratamento de água. Isso significa que muitos municípios da região Nordeste não entregam água devidamente tratada a seus moradores.
Em Pernambuco, 50,9% de toda a água tratada é perdida na distribuição, além disso, o Estado possui o maior percentual de captação de água salobra — água que contém mais sais dissolvidos que a água doce e é imprópria para o consumo, do país (23%), ficando acima do percentual da região (10,2%) e da média nacional (2,7%).
O mesmo problema de perda de água ocorre em Fortaleza, a cidade perde 48,1% da água tratada. No quesito abastecimento, a capital cearense ocupa a 73ª posição no Ranking de saneamento das 100 maiores cidades em 2020, com 77,31% de abastecimento de água, enquanto Santos/SP ocupa a primeira posição com 100% de abastecimento.
Contudo, também existem boas notícias, Teresina, capital do Piauí, passou a distribuir água tratada a 100% da população em 2020. Isso significa que mais de 800 mil pessoas recebem água regularmente em suas casas.
Esgotamento Sanitário
Quando falamos de esgoto, cerca de 28% da população nordestina tem o esgoto coletado e apenas 36,2% desse volume é tratado, ou seja, 13,6 milhões de pessoas estão sem acesso ao serviço público no Nordeste.
Os serviços de coleta e tratamento de esgoto no Brasil possuem áreas de abrangência desiguais. Enquanto no estado de São Paulo os serviços chegam a 100% da população, no Maranhão apenas 13,8% têm seu esgoto coletado.
Na região Nordeste, o índice de lares sem esgotamento sanitário chega a 22,1%, ou seja, 4,1 milhões de domicílios despejam o esgoto irregularmente na natureza. Já no Sudeste, o percentual cai para 5,5%, ou 1,7 milhão de domicílios
O Estado do Ceará lidera o crescimento de esgotamento sanitário no Nordeste, de 2016 a 2019 o Estado cresceu cerca de 2% na abrangência do serviço, enquanto o percentual nacional foi de 0,95%. Além disso, estados como Pernambuco (61,8%) e Bahia (56,6%) apresentaram mais de 50% dos domicílios com acesso ao esgoto.
Consequências da falta de saneamento
A ausência de saneamento básico pode causar inúmeros efeitos negativos para a sociedade, incluindo incidência de doenças, atraso na educação, altas taxas de desemprego afetando o desenvolvimento socioeconômico da região.
Veja a seguir as consequências da falta de saneamento básico no Nordeste:
Saúde
Segundo a ONU — Organização das Nações Unidas, cerca de 15 mil pessoas morrem por ano acometidas por doenças ligadas ao saneamento básico no Brasil. No Nordeste, as doenças entéricas, por intoxicação ou infecção alimentar, são os principais problemas de saúde causados pela ineficácia do saneamento.
De 2014 a 2019 foram registrados 1.465.363 casos de DRSAI — Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado. A maior incidência foi encontrada no Norte com 22,1 casos por 10.000 habitantes, seguida do Nordeste com 17 novos casos por 10.000 habitantes. Além disso, o Nordeste ocupa a segunda posição de mortalidade por DRSAI com 0,63 mortes a cada 10.000 habitantes.
Durante a epidemia do zika vírus em 2015 e 2016, houve uma grande incidência de bebês que nasceram com microcefalia no Nordeste. De acordo com estudo publicado no periódico PLOS Neglected Tropical Diseases, foi apontado correlação entre toxina produzida por bactérias encontradas em caminhões-pipa e em reservatórios com alta incidência de bebês com microcefalia no Nordeste.
Atualmente, durante a pandemia do Coronavírus, estudo realizado pela Secretaria de Política Econômica mostra que estados que investem em serviços de saneamento básico podem reduzir os números de mortes pela doença.
Educação
A educação é um dos pilares para o desenvolvimento das sociedades. Além das consequências na saúde, a falta de saneamento básico afeta também a educação. Estudos apontam que a diferença na educação, em anos, nas localidades que possuem os serviços de saneamento chega a 2,3 anos em relação às localidades que não possuem. Isso quer dizer que o saneamento básico influencia diretamente o rendimento escolar de uma região.
No Nordeste se concentra o maior índice de analfabetos do Brasil, cerca de 6,2 milhões de pessoas em 2019. Além disso, o atraso escolar ficou em torno de 15%, enquanto o percentual de pessoas que concluíram o ensino superior foi de apenas 3%.
Um exemplo da relação do saneamento e educação é o número de escolas no Ceará que possuem os serviços de saneamento básico, 65% das escolas do Estado não possuem os serviços adequados para atender os estudantes.
Cerca de 4 mil escolas públicas não oferecem água potável, coleta e tratamento de esgoto ou drenagem urbana. Com isso, surge a preocupação com o abandono escolar, especialmente com a volta às aulas após a pandemia. Levantamento do PNAD mostra que 12,5% dos adolescentes entre 11 e 14 anos estão atrasados ou abandonaram os estudos, quando falamos de jovens de 15 a 17 anos o número aumenta para 28,6%, mostrando ainda mais a necessidade de investimentos para o setor.
Oportunidades para o saneamento
Com a aprovação do marco regulatório do saneamento, há a tendência de crescimento de novos contratos e parcerias, que incentivem e melhorem a situação do saneamento básico no Nordeste.
Existem previsões de leilões de projetos pelo BNDES — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social para o ano de 2021. Os projetos serão de Parcerias Público-Privadas, cujo investimento previsto é de R$ 8,6 bilhões e deverão atender 4,173 milhões de habitantes das regiões de Fortaleza e Cariri.
Além disso, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), coordenado pelo Banco do Nordeste, terá R$ 24,1 bilhões de orçamento para 2021. Desse total, R$ 1,68 bilhão será destinado para obras de saneamento básico na região.
A ausência de saneamento básico no Nordeste é um problema que deve ser solucionado o quanto antes. Queremos saber qual a sua opinião sobre a situação do saneamento básico no Nordeste. Fale com um especialista, nós temos a solução perfeita para você!