Hoje vamos falar sobre sistema de abastecimento de água. Como será que esses sistemas são projetados e implantados? Vem com a gente!
Para isso vamos saber um pouco sobre:
- Como funciona um sistema de abastecimento de água?
- Projetando um sistema de abastecimento de água
Um sistema de abastecimento de água é uma solução que contempla determinada comunidade com água potável. O sistema contempla várias unidades que vão desde o fonte até a unidade consumidora.
As fases que são necessárias para entregar essa água tratada garantem a qualidade para consumo doméstico, no agronegócio, nos serviços públicos e o uso industrial entre outros.
A empresa de saneamento deve considerar vários fatores em um sistema de abastecimento de água, tanto os de origem operacional, tecnológico e financeiro quanto os fatores sociais e ambientais.
Ao longo das gerações, o sistema de abastecimento de água se mostrou extremamente importante para o desenvolvimento das sociedades.
Isso pode ser visto desde os sistemas de abastecimento do antigo Egito, se desenvolvendo as margens do Nilo. Mesmo sem eletricidade ou meios tecnológicos, os egípcios já utilizavam de canais e bombeamento de água para irrigação. Promover a utilização da água na agricultura era compromisso de seus governantes.
Nos dias de hoje, no Brasil, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) é um dos aliados na construção e manutenção de sistemas de abastecimento de água.
Por meio do Departamento de Engenharia de Saúde Pública (Densp) são financiados, ampliados ou melhorados tais sistemas em municípios com população de até 50.000 habitantes.
A FUNASA também oferece orientações técnicas para projetar os sistemas de abastecimento, utilizando esses parâmetros para os financiamentos.
Como funciona um sistema de abastecimento de água?
Para compreender toda a extensão de funcionamento de um sistema de abastecimento de água é necessário separá-lo por partes ou unidades.
Essas unidades compreendem uma parte do processo que a água precisa passar para chegar até as torneiras das nossas casas.
Manancial
O primeiro da lista é de onde se retira a água a ser processada.
Duas vertentes são necessárias de se compreender neste ponto: As águas são retiradas dessa fonte e depois retornam a natureza, podendo ser até no mesmo rio.
O ideal é que ela seja recolhida em boas condições para facilitar o tratamento e devolvida com o cuidado necessário ao meio ambiente.
Exemplos péssimos como o Rio Tietê demonstram como não se deve tratar uma fonte de águas.
O rio localizado em São Paulo passou por mais de 100 anos de poluição que o transformaram em um esgoto a céu aberto. Esse link mostra algumas fontes que foram depredadas pela ação humana.
Captação
Nesses mananciais ocorre o processo de captação, podendo ser superficial ou subterrâneo. Os sistemas de abastecimento de água podem utilizar qualquer um dos meios. Aqui, a sucção da água a leva para os encanamentos com destino às instalações da companhia.
No caso da empresa de saneamento Águas Guariroba, 50% da captação é superficial (de rios) e a outra metade é por poços, 144 destes em operação atualmente.
Adução
A adução é um processo extenso, em tempo e em espaço percorrido. Isso se deve ao fato de que os procedimentos para levar a água entre captação, reservatório de distribuição, estação de tratamento (ETA), rede de distribuição ou reservatório, são considerados adução.
Além de um conjunto de encanamentos a adução deve compreender bombas e peças especiais para levar a água a seu destino.
A adutora pode ser classificada dos seguintes modos: tipo de energia que utiliza (gravidade, recalque e mista), modo de escoamento (livre, forçada e mista) ou tipo de água que transporta (bruta e tratada).
Tratamento
Quando a água chega às ETA’s, é necessário que se faça seu tratamento para correções físico-químicas, bacteriológicas e organolépticas. Esse procedimento permite receber a água bruta e a transformar em água tratada.
Os processos podem variar conforme o padrão da empresa e a qualidade da água recebida, mas, em suma, acontecem as seguintes etapas:
- Coagulação
- Floculação
- Decantação
- Filtração
- Cloração
- Fluoretação
- Correção da acidez
Existem companhias por exemplo que vão apenas filtrar e colocar cloro na água, modelo esse conhecido como tratamento convencional.
Atualmente, está em vigência a Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Ela define os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. As competências da união, dos estados e dos municípios também são definidas pela portaria.
Existem padrões determinados pela portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011, que define os procedimentos para tornar a água potável. São determinadas também as responsabilidades da união, estados e municípios.
Já falamos sobre isso aqui no blog em outro momento.
Reservatório
O reservatório é a unidade que armazena a água para distribuição, mas pode ser necessária para manter determinada pressão na rede ou controle da variação do consumo.
O projeto deste item deve considerar tamanho da população, perspectiva de crescimento, mudanças climáticas, bem como reserva de emergências para caso de um incêndio, por exemplo.
Rede de Distribuição
A rede de distribuição é quando a água dos reservatórios é dispersada e precisa percorrer um conjunto de encanamentos e/ou órgãos acessórios até determinada região.
Novamente o projeto ou planejamento é crucial para dar a devida vazão de distribuição para o sistema de abastecimento de água. É analisada ainda a pressão, pois não se pode ultrapassar os limites recomendados pelas norma NBR 12218.
Essa norma regulamenta as redes e os projetos de distribuição, como um todo, e que envolvam o abastecimento público.
Ramal domiciliar
Através de um sistema de abastecimento de água são efetuadas as ligações da rede com o ramal domiciliar. Que nada mais são do que a ligação do encanamento da rua com a unidade consumidora.
Nesse ponto é recomendada a construção de rede por quadra, para observação de possíveis vazamentos futuros. No artigo que cita a recomendação, o engenheiro Jorcy Aguiar relata também que muitas vezes a expansão desordenada de ramais não compensa nem mesmo o investimento, e o motivo é o desperdício ser diretamente proporcional a oferta de água.
Projetando um sistema de abastecimento de água
Para que se compreenda como podemos projetar um sistema de abastecimento de água devemos separá-lo por partes. Nesse caso vamos ver o que é proposto pelo manual de orientações técnicas da FUNASA.
Memorial descritivo
O projeto começa com o memorial descritivo, descrevendo o município ou localidade. Esse ponto deve compreender atividades econômicas da região, bem como os equipamentos sanitários existentes e a sua descrição.
Como a implantação ocorrerá por etapas essa parte da documentação deve conter as técnicas a serem adotadas, materiais a serem empregados.
Memorial de cálculo
O memorial de cálculo deve conter informações técnicas compreendendo o dimensionamento do sistema.
Aqui são descritos itens como a vazão necessária para abastecer a população, quantidade de materiais e laudos geológicos da região. Tais dados descritos em planilhas são de responsabilidade do projetista.
Plantas
As plantas vão descrever visualmente o projeto bem como suas unidades. Devem ser elencadas a planta baixa, planta de corte, e no caso de poços de extração, deve ser apresentado o croqui construtivo.
Aqui também aparecem os encanamentos a serem utilizados com seus respectivos diâmetros.
Planilha orçamentária
Como o nome sugere, aqui vão os custos e respectivos encargos financeiros da obra. O escopo das fases descritas anteriormente vão aparecer aqui, mas com os valores do investimento a ser realizado. Deve ser mantida a compatibilidade entre os ítens.
O custo aqui deve ser compatível com o praticado pelo mercado, tanto para aquisições quanto para a mão-de-obra.
Dentro dos parâmetros da FUNASA, o custo dos serviços preliminares devem estar abaixo de 4% do valor da obra.
Cronograma físico-financeiro
De uma forma simples, significa elucidar a ligação que existe entre o orçamento, prazo de entrega e o demonstrativo realizado na planta.
As ações devem ser compatibilizadas e colocadas em uma ordem cronológica.
Normas técnicas
Os conceitos técnicos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da FUNASA, no caso de investimentos da União, devem moldar o projeto. Com adequação aos níveis e padrões exigidos para distribuição de água a população.
Anotação de Responsabilidade Técnica
A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) deverá ser concedida pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), isso é a chancela de que o projeto foi verificado antes. A concessão do ART deve continuar durante a execução da obra.
O projetista-engenheiro em questão deve assinar todas as folhas que integram o projeto.
Posse de área
Quando há intervenções em áreas privadas deve haver uma documentação que comprove que tal área pertence ao Proponente.
Licenciamento ambiental
O último item da lista, mas não o mais simples, é o licenciamento ambiental.
Segundo a Resolução Conama nº 5, de 15 de junho de 1988 qualquer sistema de abastecimento de água que ultrapasse 20% da vazão mínima de um corpo hídrico e que modifiquem as condições físicas e/ou bióticas estão sujeitas ao licenciamento.
Haverá também a necessidade de uma a outorga de direitos de uso de recursos hídricos, estabelecida pela Lei nº 9.433/1997.
Normalmente, o processo de licenciamento e, até mesmo, a quantidade de licenças exigidas geram certa complexibilidade em seu gerenciamento. Por isso mesmo, há produtos como o Nautilus Ambiental.
O software em questão demonstra as licenças de forma transparente e simplificada, dessa forma fica clara as exigência de cada elemento do processo.
A utilização do mesmo evita perda de prazos,verificando status, tudo de forma online, gerando produtividade.
O que achou da projeção e do funcionamento de um sistema de abastecimento de água? São processos bastante complexos, mas garantem a entrega da água com qualidade para os mais diversos fins.
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