O saneamento básico é um dos pilares para o desenvolvimento de um país, estando ligado a evolução social e saúde pública. Por esse motivo, existe uma busca por tecnologias que ajudem o setor evoluir, reduzindo gastos e prestando serviços de melhor qualidade.
O Portal Saneamento Básico publicou um artigo sobre como essas tecnologias têm se multiplicado em nosso país. Confira na íntegra abaixo!
5 tecnologias que estão revolucionando o saneamento no Brasil
Atualmente, os tratamentos de água e de esgoto são o foco de pesquisas no mundo todo e estão cada vez mais eficientes.
Você já parou para refletir sobre como o surgimento de novas tecnologias resulta em mudanças profundas na vida das pessoas? Ao longo da história da humanidade, descobertas em diversas áreas do conhecimento, que vão desde a roda até a Internet, buscam transpor obstáculos, poupar tempo e facilitar metodologias.
Evolução da tecnologia
A palavra tecnologia tem origem na língua grega e significa, resumidamente, o estudo de um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de algum problema. Isto é, a evolução tecnológica está diretamente ligada ao avanço da ciência e surge por meio da aplicação prática dos conhecimentos produzidos pela comunidade científica mundial.
A medicina, por exemplo, é uma prática milenar que tem sido beneficiada por estudos em diversas áreas, como genética, microbiologia, imunologia e até robótica! Dessa forma, a união de saberes interdisciplinares é essencial para colaborar com o desenvolvimento de tecnologias cada vez mais avançadas.
Importância da tecnologia no saneamento
Quando o assunto é saneamento básico, um dos focos das investigações científicas é melhorar o desempenho do sistema microbiológico. Ou seja, é importante otimizar o consumo de matéria orgânica e nutrientes (como nitrogênio e fósforo) pelas bactérias na presença de oxigênio, por meio do menor gasto de energia possível.
Nesse contexto, é importante monitorar a disponibilidade de oxigênio nos tanques de tratamento, a vazão de esgoto em diferentes horários do dia e a dinâmica das distintas populações microbianas.
Outro alvo de investimento são as tecnologias que possibilitam a dispensa ou o uso mínimo de produtos químicos no processo de saneamento.
Também há linhas de pesquisa que procuram tornar as estações de tratamento mais automatizadas, com sistemas de controle capazes de promover a auto-operação dos processos.
A seguir, vamos falar de cinco tecnologias que estão sendo aplicadas no Brasil com o objetivo de aperfeiçoar diferentes etapas do saneamento básico.
5 tecnologias que têm auxiliado no saneamento
1. Processos com biomassa aeróbica granular
O processo de biomassa aeróbica granular foi desenvolvido na Holanda, pela Universidade de Tecnologia de Delft. A tecnologia foi patenteada pela empresa Royal HaskoningDHV e recebeu o nome de Nereda.
Nessa metodologia revolucionária, em vez da biomassa encarregada pelo tratamento do esgoto se estruturar em flocos (como em processos convencionais), na tecnologia Nereda ela se organiza em grânulos, cuja velocidade de sedimentação é significativamente superior, sem necessidade de adição de produtos químicos e dispensando a instalação de unidades de decantação.
A seleção de bactérias capazes de formar grânulos favorece a remoção não só da matéria orgânica (tratamento secundário), mas também do fósforo e do nitrogênio das águas residuais (tratamento terciário). Dessa forma, a Nereda promove um tratamento de esgoto eficiente e colabora com a preservação dos recursos hídricos.
A BRK Ambiental foi a responsável por trazer essa tecnologia para o país. Já existem duas plantas de tratamento Nereda em atividade, outra está em processo de construção e a empresa tem outras 3 estações com projetos iniciados. Giancarlo Ronconi, Diretor de Tecnologia da BRK, ressalta que a economia de espaço, de energia, de produtos químicos e de equipamentos são algumas das grandes vantagens do processo de biomassa granular.
2. Sistema MBBR (Moving Bed Bio-Reactor)
O sistema MBBR consiste na utilização, dentro dos reatores biológicos, de pequenas peças de plástico, chamadas biomídias. Essas estruturas se caracterizam pela formação de um biofilme concentrado em seu interior, o que permite, em um mesmo volume de reação que sistemas convencionais, uma maior população de microorganismos responsáveis pelo tratamento.
Esse tipo de tecnologia, assim como a Nereda, otimiza o tratamento do esgoto quando há pouca disponibilidade de espaço.
3. Membranas filtrantes de água
A etapa de filtração tem sido objeto de estudo de diversas pesquisas importantes. Antigamente, era comum que essa fase do tratamento de água fosse realizada com grandes filtros de areia. Hoje, observa-se um movimento para a operação com membranas.
Apesar de ainda apresentar um alto custo de implantação, esse tipo de tecnologia reduz de maneira considerável a área ocupada pelas Estações de Tratamento de Água (ETAs).
4. Medidores online de qualidade de água
Os aparelhos de medição da qualidade da água são um avanço tecnológico que ajudam, e muito, a aperfeiçoar o saneamento básico.
Por meio de dispositivos que apresentam sensores online ligados a um display, é possível obter informações valiosas sobre a água, entre elas: temperatura, concentração de sais, cor, turbidez, pH, cloro residual, entre outras.
O acesso a esses dados possibilita um controle mais rígido das etapas de tratamento de água e esgoto. Dessa forma, possíveis intervenções podem ser realizadas para que os resultados sejam cada vez mais satisfatórios.
5. Programas de redução de perdas de água tratada
Um grande problema enfrentado no Brasil é o desperdício de água devido à ineficiência da rede de distribuição, que apresenta vazamentos e falta de manutenção. Como as tubulações estão debaixo da terra, é enorme a dificuldade para encontrar os locais exatos de perda d’água.
Por isso, a detecção desse tipo de problema tem sido feita com equipamentos bastante tecnológicos, que utilizam sensores de pressão, sistemas acústicos e até imagens via satélite.
Além disso, a análise dos algoritmos gerados pelos aparelhos de monitoramento permite encontrar as anormalidades da rede e realizar os devidos reparos para reduzir o desperdício.
Tendências para os próximos anos
Segundo o diretor de tecnologia da BRK, Giancarlo Ronconi, a utilização de membranas para a filtração no tratamento da água é uma forte tendência, pois várias empresas já estão produzindo esse material com boa qualidade por um preço acessível.
Ademais, Ronconi destaca a urgente necessidade de substituir os tratamentos convencionais de esgoto no Brasil por processos que ocupem menos espaço, gastem menos energia e sejam mais automatizados. Nesse contexto, tecnologias alternativas, como a Nereda, surgem como grandes promessas.
Fonte: Portal Saneamento Básico
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