O que você sabe sobre o tratamento de efluentes no Brasil? Sabe quais são as principais formas de tratamento? Contamos tudo para você nesse texto.
Chama-se de efluentes os produtos, líquidos ou gasosos, resultantes de ações humanas. Em geral, eles são separados em dois tipos: industriais e domésticos.
As chaminés industriais são as maiores emissoras de efluentes gasosos. Em contrapartida, os efluentes líquidos podem possuir diversas origens, pois trata-se de água envolvida em algum agente poluente, tal como matéria orgânica, compostos químicos e tóxicos.
A água contida de resíduos necessita de tratamento, uma vez que foi contaminada por algum processo. O não tratamento da água implica na poluição dos corpos hídricos tornando aquela água imprópria para posterior consumo.
O Rio Tietê, localizado no estado de São Paulo, é o maior exemplo de perda de recurso hídrico para a poluição. Apesar dos esforços do governo do estado para diminuir a poluição do rio, em 2016 ainda havia uma faixa de 137 quilômetros de rio morto.
Tal denominação foi dada pelo fato de que não há oxigênio suficiente na água para abrigar vida. O estudo foi realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e mostra que, apesar da faixa morta estar diminuindo ao longo dos anos ainda há muito o que se fazer. O Rio Tietê recebe esgoto, resíduos industriais e lixo de 39 cidades da região paulistana.
Segundo a fundação, existem três medidas que podem ser tomadas para reverter esse cenário. Primeiramente, afirma que há um problema de gestão da água na região metropolitana de São Paulo que não é totalmente unificada. Além disso, propõe que medidas sejam tomadas para solucionar o problema das ocupações irregulares em torno do rio que não recebem serviços de coleta e tratamento de esgoto.
Por fim, a SOS Mata Atlântica afirma que para mudar esse cenário, seria necessário uma mudança na legislação.
Existem diversos corpos hídricos poluídos em todo o Brasil de acordo com o IBGE. Então, vamos conhecer um pouco mais sobre o tratamento de efluentes?
Tipos de tratamento de efluentes
Como já falamos, os efluentes precisam ser tratados para retornarem aos recursos hídricos. Se despejados diretamente, o impacto ambiental gerado e os custos para recuperação são enormes.
O tipo de tratamento é indicado de acordo com a carga poluidora e a presença de contaminantes. Especialistas da área são quem coletam e realizam análises dos parâmetros que representam a carga orgânica e a carga tóxica dos efluentes.
Há diversas Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) pelo Brasil. Elas são responsáveis pelo processo de limpeza dos efluentes para que estes retornem ao meio ambiente.
É importante ressaltar que a Resolução 357 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) estabelece parâmetros aos efluentes que voltam à natureza e classifica os corpos de água. Essa norma prevê prisão a quem não cumprir as medidas estabelecidas por ela.
Os processos de tratamento podem ser separados em três tipos conforme as operações utilizadas na remoção dos poluentes. Alguns especialistas separam pelo tipo de processo e outros, pelas tecnologias utilizadas.
As ETEs convencionais aplicam cinco etapas ao efluentes coletados: pré-tratamento, tratamento primário, tratamento secundário, tratamento do lodo e tratamento terciário. Em geral, tratam-se de tratamentos físico-químicos ou biológicos.
O primeiro remove os contaminantes por meio de reações químicas que separam o sólido do líquido. Já o segundo utiliza bactérias e microrganismos que consomem a matéria orgânica poluente através do processo respiratório.
Que tal ver cada etapa do tratamento convencional de uma estação de tratamento? Vamos lá.
Pré Tratamento
O pré tratamento consiste em sujeitar os efluentes à forte separação de sólidos. Em geral, são utilizados dois processos nesta etapa: o gradeamento e a desarenação.
O primeiro é realizado por grades metálicas que funcionam como uma barreira para os sólidos. Eles acabam sendo detidos por elas e então, retiram-se os sólidos de maiores dimensões. Esse processo garante maior segurança aos equipamentos das estações, já que devido ao tamanho dos resíduos, pode-se danificar os dispositivos ao longo da unidade.
A desarenação tem a função de remover os flocos de areia através da sedimentação. Nessa etapa, os grãos de areia vão para o fundo do tanque por serem mais pesados, enquanto as matérias orgânicas vão para a superfície. Esse processo serve para facilitar o transporte e também para conservar os equipamentos.
Tratamento primário
O tratamento primário constitui-se de processos físico-químicos que buscam remover os sólidos em suspensão sedimentáveis, materiais flutuantes e matéria orgânica.
Esses processos constituem diversas etapas. Primeiro, são inseridos produtos químicos nos efluentes para neutralização da carga. Em seguida, ocorre a floculação do efluente. Nome difícil, não é? Mas é apenas o agrupamento das partículas poluentes para a próxima etapa.
Após a floculação, tem-se a decantação primária que separa o sólido (lodo) e o líquido (efluente bruto). Os efluentes passam por decantadores que fazem o lodo ficar no fundo do tanque.
Essa etapa do tratamento é importante porque inicia a alteração das propriedades poluidora dos efluentes.
Tratamento secundário
Essa etapa é constituída por processos bioquímicos que podem ser aeróbicos ou anaeróbicos. Esse processo objetiva remover a matéria orgânica que não foi removida no tratamento anterior. Se bem feito, o tratamento permite obter um efluente em conformidade com a legislação ambiental.
Os processo aeróbicos e anaeróbicos trabalham na composição da matéria orgânica suspensa e a dissolvida na água que resultam em gás carbônico, material celular e água. O efluente ao final desse processo sai com até 95% livre de poluentes.
Em seguida, há uma decantação secundária que clarifica a água e separa o lodo restante do processo.
Tratamento do lodo
Mas o que é esse lodo?
O lodo é toda a matéria orgânica removida ao longo do tratamento do esgoto. Portanto, sua quantidade e natureza depende das características do efluente inicial e do processo de tratamento escolhido.
Assim, o tratamento do lodo tem a finalidade de reduzir o volume e o teor de matéria orgânica. Primeiramente realiza-se o adensamento. Esse processo tem a finalidade de diminuir a quantidade de água presente no lodo, diminuindo portanto, seu volume.
A segunda etapa consiste na digestão anaeróbica para reduzir os microrganismos patogênicos, reduzir o volume e permitir a utilização do lodo, como por exemplo, em atividades agrícolas.
A terceira etapa submete o lodo a processos químicos e desidratação, permitindo a coagulação dos sólidos e remoção da umidade.
O produto final é rico em matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e nutriente, possibilitando seu uso na agricultura ou em reflorestamento. Entretanto, é possível descartar o lodo em aterros sanitários, junto com o lixo urbano, ou em incineradores.
Tratamento terciário
Após o tratamento secundário, a água já pode retornar aos recursos hídricos. Entretanto, pode-se passar o efluente por outro tratamento para ser reutilizá-lo com fins não potáveis. Essa reutilização é importante para a escassez de água.
Utiliza-se o efluente não tratado para fins não potáveis (lavagem de ruas, por exemplo) porque mesmo tratado, ainda é possível conter elementos como nitrogênio e fósforo.
Assim, o tratamento terciário serve para remover essas substância através de técnicas de filtração, ozonização, cloração, osmose reversa, dentre muitas outras.
Dessa forma, o tratamento terciário consiste em aplicar técnicas para remover poluentes específicos que não foram retirados pelos processos mais comuns. Por exemplo, essas substâncias podem ser compostos não biodegradáveis, nutrientes e metais pesados que exigem maior grau de tratamento.
Assim, essa operação pode consistir em diversas etapas que dependem do tipo de poluição do efluente e do grau de depuração que se deseja obter.
Tratamento de efluentes no Brasil
São muitas etapas não é mesmo? E cada uma dessas etapas exigem determinado controle e parâmetros a serem atingidos.
O tratamento biológico tem crescido bastante nos últimos tempos. Isso porque o próprio efluente fornece uma grande variedade de bactérias e protozoários que podem compor as culturas de microbiais mistas que processam os poluentes orgânicos.
Mesmo assim, o tratamento biológico exige um maior controle de todo o processo como controle de vazão, recirculação e fornecimento de oxigênio. Por isso, o tratamento mais utilizado no Brasil são as cinco etapas apresentadas anteriormente.
Outra tendência são as ETEs compactas a serem utilizadas por indústrias e até mesmo condomínios. Trata-se de uma ETE convencional, porém em menor dimensão e para atender baixas vazões. Essa é uma tendência devido ao baixo custo de operação, elevada eficiência e menor consumo de energia elétrica.
No Brasil, atitudes que não são pautadas na sustentabilidade podem ser caracterizadas como crimes ambientais de acordo com algumas legislações. O descarte incorreto dos efluentes, sejam eles domésticos ou industriais, trazem prejuízos para o solo, a água e ao meio ambiente como um todo.
Um ambiente poluído gera prejuízos à saúde e podem influenciar na rotina das pessoas por causa de doenças geradas pelo esgoto.
Além disso, as empresas podem também perder financiamentos, pois tem-se exigido licenciamento ambiental para projetos financiados, além de princípios responsabilidade socioambiental na execução de obras.
Ademais, a população está cada vez mais preocupada com a responsabilidade ambiental do governo e das empresas. Com isso, muito se busca saber sobre as ações sustentáveis em torno de uma marca.
Esperamos que após essa leitura tenha entendido mais sobre o tratamento de efluentes no Brasil e sua importância. Como funciona o tratamento de efluentes em sua cidade? Conta para a gente! Em caso de dúvidas ou sugestões, fale com um de nossos especialistas, temos a solução perfeita para você.